22/11/2008

Década de Saudades…


Um dia alguém disse que nesta vida tudo é mutável excepto o clube do coração (BENFIIIIIIIICAAAAA)… Pois eu acrescento agora os amigos, pelo menos alguns, aqueles que na nossa mente definimos de “os verdadeiros amigos”, aqueles que fazem centenas de quilómetros só para nos consolar numa hora de dor, aqueles que não reclamam de atender o telefone às 4 da manhã (ok, alguns reclamam) só porque estamos com problemas existenciais, aqueles cuja saudade o tempo não consegue apagar.

Tal como o mar que vai e vem consoante as marés, também na nossa vida estamos mais perto de algumas pessoas em certas fases da nosso vida do que noutras. Por vezes, os amores e desamores, as actividades profissionais ou simplesmente o desmazelo e a preguiça impelem-nos a deixar para segundo plano esses amigos verdadeiros só porque egoisticamente sabemos que eles estarão ali quando deles precisarmos.

Eu já saí da «cidade neve» há uma década e continuo a afirmar categoricamente que foi ali que encontrei e tive que deixar, infelizmente, os meus melhores amigos. Outros houve que no entretanto surgiram através da faculdade, do meu emprego, mais recentemente através do mestrado, mas nenhuns me fazem sentir em casa como aquela meia dúzia de carolas que conheci na Covilhã.

Intelectuais, sonhadores, aguerridos, ingénuos, apaixonados, bons ouvintes, malucos… de tudo havia, e há, naquele pequeno grupo que se imaginava capaz de mudar o mundo com as suas teorias cheias da vida, tão próprias da juventude!

Faço agora uma retrospectiva para recordar com saudade, uma imensa saudade, os meus anos de Liceu… as milhentas de cartas trocadas quase diariamente com uma certa menina da Boidobra, os amores não correspondidos, os inúmeros testes estudados de véspera graças aos resumos de outros, as brincadeiras parvas do recreio (quem é que vamos mandar desta vez para as couves?), as visitas de estudo onde quase todos se amassavam e eu ficava sempre a chuchar no dedo… :-)

Que saudades dos meus tempos de Liceu… sabendo o que sei hoje, só me apetece parafrasear alguém e dizer: “oh tempo, volta pra trás…”

Hard_Kory

09/11/2008

Hoje lembrei-me de uma professora que, a meio de uma aula, começou a vociferar slogans comunistas: «O Povo, unido, jamais será vencido.» Lembrei-me de um aluno popular entre as colegas que se apaixonou perdidamente (e foi correspondido) pela boazona da professora de inglês. Lembrei-me de uma aluna que conservava um senhor bigode como se de uma medalha de mérito se tratasse. Lembrei-me da minha estupefacção perante algumas atitudes como estas. Lembrei-me que, perto deles, nós até acabámos por nos tornar adultos bem normais... Se a normalidade existe.

04/11/2008

Que apetite!!!


Aqui fica aberto o apetite para nos voltarmos a encontrar... e com ele um agradecimento pela vossa presença, sem a qual não teria sentido festejar a vida!

E agora que somos nós...



Realmente a nostalgia do passado, isso a que só nós chamamos SAUDADE, é um “mal” unicamente português, mas que, como tantas outras coisas, também está em vias de extinção.
Costumo dizer, a quem me ouve falar do passado, que sofro de um “mal de ser português”, deste Portugal que nos enche a alma de um vazio outrora preenchido por tantas emoções e desvarios, mas a quem agora apenas resta esperar aquela manhã de nevoeiro da qual despontará a nossa nova alegria e nos saciará as nossas esperanças!
Mas viver de saudades não é um mal… Hoje tenho a certeza! Viver de saudades é sentir um presente profundamente intenso pelo passado que vivemos e partilhámos!
Naquele tempo, em que éramos muitos e muitos eram poucos - porque o que era bom era ter muitos amigos – naquele tempo em que nos descobríamos com os nossos defeitos em formação e as nossas qualidades a crescer, nada fazia prever que viéssemos a constituir esta “família” que somos!
Éramos felizes e não sabíamos o quanto! Valorizámos ciúmes e “pequeninas disputas de amizade”, chateámo-nos por não nos terem chamado para o café ou porque não quisemos ir juntos a uma festa e nada disso adivinhava este nosso presente… Nesse tempo em que éramos muitos, tudo acabava por passar e o dia de ontem já não se lembrava na semana que vem… Éramos muitos, mas no fundo éramos só nós… Nós os que partilhávamos os problemas e os sofrimentos, nós que nos atirávamos a rebolar pelos canteiros que enfeitavam o nosso liceu, nós que depois de um “solário” na IlhAzul íamos experimentar a loucura de uma noite preparada em “tubitos” de ensaio. E, depois de muitos ensaios saiu a fórmula final: Nós!
E agora que somos só nós… vale bem a pena ter esta alma de português e ter este mal que a saudade alimenta e não cura, porque é muito bom ter amigos!
E agora que somos só nós… esperamos que outros preencham o lugar dos “muitos” e eles começam a chegar…