04/11/2008

E agora que somos nós...



Realmente a nostalgia do passado, isso a que só nós chamamos SAUDADE, é um “mal” unicamente português, mas que, como tantas outras coisas, também está em vias de extinção.
Costumo dizer, a quem me ouve falar do passado, que sofro de um “mal de ser português”, deste Portugal que nos enche a alma de um vazio outrora preenchido por tantas emoções e desvarios, mas a quem agora apenas resta esperar aquela manhã de nevoeiro da qual despontará a nossa nova alegria e nos saciará as nossas esperanças!
Mas viver de saudades não é um mal… Hoje tenho a certeza! Viver de saudades é sentir um presente profundamente intenso pelo passado que vivemos e partilhámos!
Naquele tempo, em que éramos muitos e muitos eram poucos - porque o que era bom era ter muitos amigos – naquele tempo em que nos descobríamos com os nossos defeitos em formação e as nossas qualidades a crescer, nada fazia prever que viéssemos a constituir esta “família” que somos!
Éramos felizes e não sabíamos o quanto! Valorizámos ciúmes e “pequeninas disputas de amizade”, chateámo-nos por não nos terem chamado para o café ou porque não quisemos ir juntos a uma festa e nada disso adivinhava este nosso presente… Nesse tempo em que éramos muitos, tudo acabava por passar e o dia de ontem já não se lembrava na semana que vem… Éramos muitos, mas no fundo éramos só nós… Nós os que partilhávamos os problemas e os sofrimentos, nós que nos atirávamos a rebolar pelos canteiros que enfeitavam o nosso liceu, nós que depois de um “solário” na IlhAzul íamos experimentar a loucura de uma noite preparada em “tubitos” de ensaio. E, depois de muitos ensaios saiu a fórmula final: Nós!
E agora que somos só nós… vale bem a pena ter esta alma de português e ter este mal que a saudade alimenta e não cura, porque é muito bom ter amigos!
E agora que somos só nós… esperamos que outros preencham o lugar dos “muitos” e eles começam a chegar…

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